A indústria brasileira de alimentos registrou estabilidade de 0,85% nas vendas no primeiro trimestre de 2019, em relação ao primeiro trimestre do ano passado. O desempenho de forma mais estável se deve ao volume reduzido das exportações nesse trimestre e a desaceleração das vendas no mercado interno.
A geração de empregos na indústria de alimentos também apresentou estabilidade, com ligeira queda de 0,7% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. A média salarial seguiu na mesma tendência, com queda de 0,8%.
O setor segue como o maior empregador da indústria de transformação do Brasil, com 1,6 milhão de trabalhadores diretos, considerando toda a cadeia de produção, como a agroindústria e as fábricas.
Exportações de Alimentos Industrializados
As exportações brasileiras de alimentos industrializados totalizaram no primeiro trimestre do ano R$ 7,3 bilhões, valor 14% inferior ao alcançado no mesmo período do ano passado. O volume exportado no período apresentou queda de 15%, o que impactou negativamente a produção física da indústria em quase 3%.
A redução do volume exportado de açúcar continua tendo um reflexo negativo para as exportações brasileiras. Desde 2018, há um excesso de açúcar no mercado internacional devido à alta produção indiana, provocando quedas consecutivas no preço da commodity. Óleos, gorduras, sucos e conservas vegetais também apresentaram quedas nos preços neste trimestre.
Sobre o açúcar, uma das principais commodities brasileiras, a expectativa é que as exportações para a China retornem aos patamares de 2017, já que o Brasil chegou em um acordo com o governo chinês. A China havia restringido a entrada de açúcar estrangeiro no país e isso prejudicou consideravelmente a exportação brasileira da commodity.
“O atual desempenho das exportações de alimentos industrializados reforça a importância da aprovação de uma reforma tributária que simplifique as operações e deixe o sistema menos burocrático. Além disso, há a perspectiva da conclusão de acordos comerciais bilaterais e com blocos relevantes para as exportações de alimentos”, ressalta João Dornellas, presidente executivo da ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos.
Perspectivas para o ano
Diante das dificuldades iniciais para aprovação da reforma da Previdência, a taxa de câmbio tem sido pressionada, contribuindo para elevar os custos de matérias-primas e energia e influenciar negativamente as expectativas de empresários e consumidores.
“Felizmente, cresce o consenso da importância da aprovação das reformas estruturais junto à sociedade brasileira, que em última instância determinarão o grau de solvência fiscal do país e a sua capacidade de promover o crescimento com a inflação sob controle”, afirma Dornellas.
A perspectiva é que, a partir da aprovação da reforma da Previdência e do encaminhamento das necessárias medidas de simplificação e racionalização do sistema tributário brasileiro, os projetos de investimentos produtivos possam ser retomados, abrindo-se espaço para um novo ciclo de expansão sustentável da economia.
Nas exportações, os focos de Peste Suína Africana (PSA) deverão impactar a produção de suínos da China em mais de 30%, de acordo com estimativas do Rabobank, o que tem estimulado as vendas brasileiras de carnes suínas e de aves para o país asiático. A China é um dos principais importadores de carnes do Brasil e vem sofrendo com uma epidemia de peste suína africana desde o final de 2018.
No comércio exterior de alimentos, há acordos internacionais em andamento. É o caso do Canadá e da EFTA, por exemplo. Há também uma negociação de acordo bilateral com a Coreia do Sul, com previsão de reuniões para os próximos meses. E no âmbito do ACE 53 (Acordo de Complementação Econômica nº 53 entre Brasil e México) as negociações para um acordo estão acontecendo.
Entre o Mercosul e a União Europeia, as negociações tem ocorrido e ambos os blocos estão direcionando energia para que o processo gere frutos em breve.
Fonte: Revista Laticínios