De um lado, cidades em que quase todos os moradores têm acesso a água potável e coleta de esgoto, além de baixo desperdício e altos níveis de investimento em obras de saneamento. Do outro, municípios em que metade da água tratada é perdida por conta de tubulações antigas e “gatos” e em que apenas três a cada dez moradores têm acesso a coleta de esgoto.

Essa desigualdade sanitária e social é um dos destaques de um estudo do Instituto Trata Brasil com a GO Associados, divulgado nesta segunda-feira (20).

O documento analisa os indicadores de saneamento das 100 maiores cidades do país, que concentram aproximadamente 40% da população brasileira, e faz um ranking com base nos serviços oferecidos e em indicadores de eficiência.

O documento considera os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2021.

A comparação das melhores e das piores cidades deixa clara a desigualdade citada no início desta reportagem. Veja alguns destaques:

  • Acesso a água potável: Enquanto 99,7% da população das 20 melhores cidades têm acesso às redes de água potável, nos 20 piores municípios, o número é de 79,6% da população.
  • Acesso a coleta de esgoto: 97,7% da população nos 20 melhores municípios têm acesso aos serviços, enquanto somente 29,2% da população nos 20 piores municípios são atendidos.
  • Tratamento de esgoto: Enquanto o primeiro grupo tem, em média, 80,1% de cobertura de tratamento de esgoto, o grupo dos piores trata apenas 18,2% do esgoto produzido.
  • Perdas na distribuição: Entre as melhores cidades, 29,9% da água produzida é desperdiçada na distribuição por conta de tubulações antigas e “gatos”. Já entre as piores, o indicador chega a 51,3%.

Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, destaca ainda um outro indicador que está por trás de todas estas diferenças de serviços oferecidos para a população: o investimento médio por habitante em obras e serviços de saneamento.

As 20 melhores cidades investiram, em média, R$ 166,52 por habitante em serviços de saneamento. Já as 20 piores investiram apenas R$ 55,46 — bem abaixo, inclusive, da média de investimento nacional, que foi de R$ 82 por habitante em 2021.

“Esses bons municípios investem continuamente e fazem muitas obras. Com isso, os indicadores de acesso a água e esgoto acompanham o crescimento da população ou mesmo até avançam em uma velocidade maior, fazendo com que os indicadores melhorem a cada ano”, diz, Luana.

Veja abaixo as melhores e as piores cidades.

As 20 melhores cidades

  1. São José do Rio Preto (SP)
  2. Santos (SP)
  3. Uberlândia (MG)
  4. Niterói (RJ)
  5. Limeira (SP)
  6. Piracicaba (SP)
  7. São Paulo (SP)
  8. São José dos Pinhais (PR)
  9. Franca (SP)
  10. Cascavel (PR)
  11. Ponta Grossa (PR)
  12. Sorocaba (SP)
  13. Suzano (SP)
  14. Maringá (PR)
  15. Curitiba (PR)
  16. Palmas (TO)
  17. Campina Grande (PB)
  18. Vitória da Conquista (BA)
  19. Londrina (PR)
  20. Brasília (DF)

As 20 piores cidades

  1. Macapá (AP)
  2. Marabá (PA)
  3. Porto Velho (RO)
  4. Santarém (PA)
  5. São Gonçalo (RJ)
  6. Belém (PA)
  7. Rio Branco (AC)
  8. Maceió (AL)
  9. Várzea Grande (MT)
  10. Ananindeua (PA)
  11. Duque de Caxias (RJ)
  12. São João de Meriti (RJ)
  13. Gravataí (RS)
  14. Jaboatão dos Guararapes (PE)
  15. São Luís (MA)
  16. Belford Roxo (RJ)
  17. Pelotas (RS)
  18. Manaus (AM)
  19. Cariacica (ES)
  20. Caucaia (RS)

Cidades que mais ganharam posições

  • Cuiabá (MT): ganhou 23 posições, passando de 55º para 32º. De um ano para o outro, houve uma melhora consistente em praticamente todos os indicadores analisados pelo ranking: coletas de esgoto total e urbana, tratamento de esgoto, investimentos. Ainda tece queda nos indicadores de perda de água.
  • Niterói (RJ): ganhou 19 posições, passando de 23º para 4º. O principal motivo foi a queda nas perdas de distribuição do sistema. A queda foi pequena (2,43%), mas isso fez com que a cidade atingisse a meta de 25% de perdas e passasse a ter nota máxima nesse indicador e nos de investimentos.
  • Vila Velha (ES): ganhou 14 posições, passando de 71º para 57º. Houve melhora nos indicadores de abastecimento de água e de coleta de esgoto.
  • Vitória (ES): ganhou 12 posições, passando de 53º para 41º. Assim como em Vila Velha, houve melhora no abastecimento de água e na coleta de esgoto.
  • Sorocaba (SP): ganhou 10 posições, passando de 22º para 12º. Não houve grandes melhoras nos indicadores de atendimento, mas houve aumento nos indicadores de investimento, o que fez o município subir algumas posições.

Cidades que mais perderam posições

  • Anápolis (GO): perdeu 11 posições, passando de 35º para 46º. De um ano para o outro, houve piora nos indicadores de atendimento de água, investimentos, ligações de água e de perdas de água.
  • Belo Horizonte (MG): perdeu 10 posições, passando de 37º para 47º. Também houve piora nos indicadores de atendimento total e urbano de água, além dos indicadores de perda e desperdício.

 

Fonte: G1

Estudo completo: Instituto Trata Brasil