Goiânia e Região Metropolitana (RMG) têm hoje o terceiro menor estoque de lotes no mercado primário da série histórica dos últimos sete anos, iniciada em 2017. No terceiro trimestre de 2024, esse estoque soma 17.117 imóveis, com uma redução de mais de 2 mil unidades em relação ao mesmo período de 2023, quando esse estoque era de 19.119.
“Nesse corte dos últimos sete anos, apenas dois momentos, dois anos de pandemia, o estoque esteve menor do que agora. Isso significa que o cliente continua comprando, o mercado está aquecido e é uma oportunidade do lado dos empreendedores de aprovar mais projetos”, avalia o presidente da ADU, João Victor Silva Araújo. Em Goiânia, especificamente, é o valor mais baixo da série. “Temos menos de mil lotes em estoque em Goiânia, uma capital de 1,5 milhão de habitantes”, compara.
Para ele, o quadro resulta em duas situações: a oportunidade para mais lançamentos em Goiânia, e também um desafio para o poder público municipal. “Por algum motivo, não está fluindo bem o processo de aprovação dentro dos órgãos municipais, haja vista que temos tido poucos lançamentos, apesar de termos mercado”, compara.
Essa redução é uma das principais informações da pesquisa do Mercado Imobiliário Horizontal de Goiânia e RMG, divulgada na tarde desta quarta-feira, 6, pela Associação dos Desenvolvedores Urbanos de Goiás (ADU-GO), em parceria com a consultoria Brain Inteligência Estratégica. O estudo trouxe outros números que comprovam que o setor continua aquecido.
João Victor argumenta que o mercado atravessa uma boa fase. “Conheço os players, os loteadores e eles querem empreender em Goiânia. Então, temos um problema no fluxo de aprovação”, conclui. Ele reconhece que a atual gestão se mostra receptiva e adotou medidas para agilizar a aprovação de novos empreendimentos. “Ainda falta algo, é preciso repensar o modelo, digitalizar ao máximo os processos, diminuir as intervenções na linha de aprovação”, analisa, acrescentando que a próxima gestão deverá pensar em como desburocratizar e minimizar interferências para trazer mais eficiência aos processos.
Ele pondera que o mercado imobiliário é fundamental para a maior arrecadação de tributos, sem aumento de impostos. Vendas geram receitas em impostos como ITBI e IPTU após a entrega do empreendimento imobiliário. “Falamos de todo o mercado imobiliário, não só o que a ADU-GO representa. Uma obra de um prédio vertical, por exemplo, passa três anos empregando 250 pessoas, fora os empregos indiretos”, exemplifica. São obras que também têm impacto em receitas como de ISS, municipal, e de ICMS, estadual. “E depois perdura a arrecadação do IPTU, que deve estar aí entre os maiores tributos arrecadados pelo município, então isso é bom para todo mundo”, conclui.
Aumento nas vendas
A pesquisa Brain/ADU trouxe outros dados sobre o mercado imobiliário de Goiânia e RMG. João Victor destaca o crescimento nas vendas, revelado pelo recorte do indicador VSO, Venda Sobre a Oferta.
Trata-se do percentual do que realmente foi vendido em relação aos imóveis que havia no estoque. O VSO do terceiro trimestre de 2024 foi de 16,90, o que representa um aumento de 91,7% em relação ao do terceiro trimestre de 2023, de 8,82. “Isso comprova que, de fato, as vendas estão aquecidas. Principalmente, a intenção de compra do cliente, que não arrefeceu, os números estão aí para mostrar isso”, pondera. Sócio-consultor da Brain, Marcelo Gonçalves, chamou atenção também para as quantidades de unidades vendidas, ”aumentamos as vendas em 29,4% proporcionalmente se compararmos 9 meses de 2023 com os 9 primeiros meses de 2024, é muita coisa para o mercado da capital e região metropolitana de Goiânia”, pontuou.
Para o presidente da ADU-GO, a perspectiva para o mercado imobiliário é positiva. Ele lembra que é histórico que haja poucos lançamentos no último trimestre do ano, o que projeta um cenário com menos oferta no início de 2025. “Vamos entrar em 2025 com um estoque ainda mais baixo”, pontua.
Além disso, haverá mudanças nas gestões municipais não só de Goiânia como de vários outros municípios da RMG. “Com essas mudanças nas gestões, naturalmente deveremos ter poucas aprovações no primeiro trimestre de 2025. Com isso, muito provavelmente nós vamos ter o primeiro trimestre de 2025 com um ponto mais baixo de estoque da história, desde 2017”, projeta João Victor.
Fonte: Jornal Opção