A perspectiva de adoção de medidas que contribuam para revigorar o setor produtivo brasileiro e fomentar o crescimento sustentado do país é fonte de grandes expectativas para a indústria brasileira. De acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, a chegada do novo governo, em janeiro, traz um horizonte positivo para mudanças e remoção de antigos entraves que freiam o desenvolvimento do Brasil. “Temos a expectativa de que o país vai mudar, que vai atrair mais empresas, ter mais investimentos e melhorar o ambiente de negócios”, afirmou.
Andrade participou da abertura do evento Correio Debate: A importância da indústria para o desenvolvimento do Brasil, realizado nesta segunda-feira (17), em Brasília. Ao apresentar o caminho para revigorar o setor produtivo nacional, Andrade destacou a urgência da redução da burocracia e do Custo Brasil e da necessária melhora do cenário de grande insegurança jurídica para se investir e empreender. O presidente da CNI também avaliou que a indústria brasileira consegue ser produtiva e competitiva em muitas áreas, mas há desigualdades internas que precisam ser superadas.

Parceria
Segundo Robson Andrade, a indústria será parceira na discussão e construção de propostas que contribuam para destravar o crescimento da economia. Ele citou, como exemplo, o Programa Brasil Mais Produtivo, desenvolvido pela CNI e que se tornou política de governo, incorporado às ações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Executado pelo Serviços Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o programa tem contribuído para a ampliação em cerca de 50% na produtividade de pequenas e médias empresas brasileiras.
Sobre a contribuição da indústria para ampliar investimentos e disseminar a cultura inovadora, o presidente da CNI lembrou da atuação da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), que conta com a participação de 424 executivos da indústria. A rede de Institutos SENAI de Inovação e de Tecnologia foi outra iniciativa destacada para contribuir para que o parque industrial nacional ande em compasso com o dos países mais desenvolvidos e competitivos. “Temos hoje a maior rede de laboratórios de inovação do Brasil, que é uma grande contribuição que temos dado para o desenvolvimento da indústria”, disse Andrade.

Foco na produtividade
Também participou da abertura do debate o secretário-geral de Produtividade e Competitividade do futuro Ministério da Economia, Carlos da Costa. Ele analisou a trajetória negativa da produtividade da economia brasileira, que hoje representa 23% da dos Estados Unidos, e atribuiu o baixo desempenho ao fracasso de políticas recentes voltadas ao tema. “Nossa produtividade já foi 40% da americana. Hoje há 51 órgãos de governo lidando com produtividade, o que significa falta de produtividade e de efetividade da política”, analisou.

Primeiros passos
Para Carlos da Costa, o esforço do atual governo para sanear as contas públicas e restabelecer o equilíbrio fiscal é positivo. Segundo ele, este é um passo inicial para o crescimento da economia, mas que não resolve, do ponto de vista de sustentabilidade, porque tal objetivo envolve solucionar problemas estruturais. “Isso viabiliza menores taxas de juros, queda do Custo Brasil, mas só é o suficiente para a recuperação cíclica, ao qual nos acostumamos, e na qual nós descemos dois degraus para apenas subir dois novamente”, afirmou.
Assim, de acordo com Costa, o foco será no crescimento de longo prazo, que busque taxas sustentávels de crescimento acima de 2% ao ano. O estímulo e redução de amarras ao investimento em infraestrutura e o aumento da produtividade, além de simplificação tributária, são essenciais. “O agronegócio brasileiro cresceu como cresceu com aumento de produtividade e inovação, melhorando pelo lado da oferta e sem gerar inflação. Resolvendo os problemas que tanto geram instabilidades, podemos ter crescimento sustentado”, explicou.

 

Fonte: CNI