Com a taxa básica de juros (Selic) fixada no menor patamar da história (5,5% ao ano) e as novas modalidades para financiamentos imobiliários indexados à inflação, anunciadas pela Caixa Econômica Federal no mês passado, o sonho da casa própria ficou mais próximo de se tornar realidade. Segundo especialistas, as prestações vão se encaixar mais facilmente no orçamento das famílias. Mas um dado importante deve ser levado em conta: as mensalidades não podem comprometer mais do que 30% da renda, para se evitar o superendividamento.

Diante desse quadro favorável, as construtoras se preparam, depois de passarem por um momento de elevada oferta e baixa procura por imóveis. A retomada do setor é visível. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que, entre abril e julho últimos, o número de lançamentos no país aumentou 11,8% ante o mesmo período de 2018.
De acordo com o levantamento, foram lançados 30.607 unidades residenciais no segundo trimestre deste ano. Desse total, 21.044 foram construídos no Sudeste e 3.649, no Centro-Oeste. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reúne informações de 20 empresas, registrou 45.085 novos empreendimentos imobiliários de janeiro a junho, sendo 34.011 do programa Minha Casa Minha Vida.

No Distrito Federal, segundo pesquisa da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) e do Sindicato da Indústria de Construção Civil (Sinduscon), houve aumento de 23,5% nas unidades lançadas no primeiro semestre em comparação ao ano todo de 2018. Mas, segundo o presidente da Ademi-DF, Eduardo Aroeira, como a confiança do consumidor aumentou, os empreendimentos estão sendo insuficientes para atender a demanda. No trimestre encerrado em junho, por exemplo, a oferta caiu em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo o vice-presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Valadão Júnior, a velocidade de vendas continua acima de 5%. “Mesmo com mais lançamentos, temos vendido além do ofertado. Com isso, o estoque está caindo, o que gera uma tendência de alta dos preços”, diz. Por isso, para ele, esse é o momento ideal para comprar um imóvel.

“Tivemos, no DF, mais lançamentos esse ano até o mês de julho do que todo o ano passado. Em termos do volume geral de vendas, que é o valor total de unidades vendidas, em 2018, acumulamos cerca de R$ 1,2 bilhão em vendas, e até julho deste ano, o número chegou a quase R$ 1,3 bilhão”, acrescenta Aroeira. Ele espera que o faturamento na capital alcance o dobro do que foi em 2018.

O diretor da filial de Brasília da Brasal Incorporações, Jean Oliveira, afirma que, entre os lançamentos no DF, a maior quantidade de vendas no ano foi de imóveis localizados no Noroeste. 80% das vendas da empresa em agostos se concentraram no bairro.

Há três meses, o estudante João Gabriel Calixto, 21 anos, se mudou para o Noroeste com a mãe. Foi no bairro que ele conseguiu um imóvel que atendesse as necessidades da família. “Faltam bons apartamentos em outros lugares de Brasília,”diz. Marcelo Vasconcelos, 45, é empresário do ramo da beleza e tinha um empreendimento no Lago Sul quando decidiu abrir um outro no Noroeste. “A gente observou o movimento de um bairro novo e planejado sendo comentado pelos nossos clientes. E, quando percebemos que havia a carência de alguns serviços, decidimos fazer uma visita ao bairro e gostamos de lá”, explica.

Recomendações

Apesar da queda dos juros, quem deseja comprar imóvel precisa tomar alguns cuidados. “Quando adquirimos uma casa, estamos pensando em uma compra de médio e longo prazos, portanto, é importante conseguir um bom negócio para não se endividar além da conta”, afirma o coach financeiro, Silvio Bianchi. Segundo ele, um imóvel é um “incorporamento de uma dívida por um período de até 30 anos no orçamento”. “É preciso um cuidado adicional, é necessário fazer uma análise para se arcar com esse custo”, explica.

“As taxas de juros estão baixando e isso é um ponto interessante. A questão é o tempo de pagamento. Porque, no final, o comprador que pagaria o valor de duas casas, pagará uma casa e meia”, diz. De acordo com o especialista, é preciso ter reservas para situações emergenciais, caso a fonte de renda fique comprometida por algum período, sobretudo com desemprego.

 

Fonte: Correio Braziliense