O setor industrial, em janeiro de 2020, volta a mostrar um quadro de maior ritmo produtivo, expresso não só na expansão de 0,9% na comparação com o mês imediatamente anterior, avanço mais intenso desde agosto de 2019 (1,0%), mas também no perfil disseminado de taxas positivas, já que três das quatro grandes categorias econômicas e 17 das 26 atividades apontaram crescimento na produção.

O avanço verificado nesse mês eliminou parte da redução de 2,4% assinalada nos dois últimos meses de 2019. Com esses resultados, o setor industrial ainda se encontra 17,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Ainda na série com ajuste sazonal, mesmo com o ganho de ritmo da atividade industrial nesse mês, o índice de média móvel trimestral permanece com a trajetória descendente iniciada em outubro de 2019.

Produção avançou em 3 das 4 categorias e 17 dos 26 ramos

Na expansão de 0,9% da atividade industrial na passagem de dezembro de 2019 para janeiro de 2020, houve altas em três das quatro grandes categorias econômicas e 17 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, as influências positivas mais importantes foram de máquinas e equipamentos (11,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%), metalurgia (6,1%), produtos alimentícios (1,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%).

Com exceção da última atividade, que teve seu terceiro resultado positivo consecutivo e acumulou alta de 8,8% nesse período, as demais haviam recuado no mês anterior: -9,1%, -5,0%, -2,1% e -0,5%, respectivamente.

Outras contribuições positivas relevantes vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,2%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (6,5%), de outros produtos químicos (1,7%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,0%), de celulose, papel e produtos de papel (1,6%) e de produtos de minerais não-metálicos (1,8%).

Por outro lado, entre os oito ramos que reduziram a produção nesse mês, os desempenhos de maior importância para a média global foram registrados por impressão e reprodução de gravações (-54,7%) e indústrias extrativas (-3,1%), com o primeiro eliminando o crescimento de 92,2% assinalado nos três últimos meses de 2019; e o último completando o quinto mês consecutivo de queda na produção e acumulando perda de 8,9% nesse período.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a dezembro de 2019, bens de capital, ao crescer 12,6%, mostrou a expansão mais acentuada em janeiro de 2020 e interrompeu o comportamento predominantemente negativo presente desde maio de 2019, período em que acumulou redução de 14,8%. O resultado de janeiro foi o avanço mais intenso desde junho de 2018 (23,0%).

Os segmentos de bens de consumo duráveis (3,7%) e de bens intermediários (0,8%) também assinalaram taxas positivas em janeiro, com o primeiro devolvendo parte da perda de 6,8% acumulada nos dois últimos meses de 2019; e o segundo intensificando a taxa positiva verificada em dezembro de 2019 (0,1%).

Apenas o setor de bens de consumo semi e não-duráveis apontou recuo (-0,1%) em janeiro de 2020 e marcou o terceiro mês seguido de queda na produção, acumulando nesse período redução de 2,2%.

Média móvel trimestral mostra queda de 0,5%

Ainda na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria mostrou queda de 0,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2020 frente ao nível do mês anterior, permanecendo, dessa forma, com a trajetória descendente iniciada em outubro de 2019.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação ao mês anterior, bens de consumo duráveis (-1,2%), bens de capital (-0,9%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-0,7%) assinalaram os recuos mais intensos em janeiro de 2020.

Assim, bens de consumo duráveis marcou o segundo mês seguido de redução na produção, com perda acumulada de 3,0% nesse período; bens de capital permaneceu com a trajetória descendente iniciada em junho de 2019; e bens de consumo semi e não-duráveis intensificou o recuo verificado no mês anterior (-0,4%), quando interrompeu a trajetória predominantemente ascendente iniciada em dezembro de 2018.

O segmento de bens intermediários (-0,2%) também registrou queda em janeiro de 2020 e manteve o comportamento negativo iniciado em novembro de 2019, com perda acumulada de 1,0% nesse período.

Indústria recuou 0,9% na comparação com janeiro de 2019

Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial caiu 0,9% em janeiro de 2020, com resultados negativos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 13 dos 26 ramos, 36 dos 79 grupos e 48,7% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que janeiro de 2020 (22 dias) teve o mesmo número de dias úteis do que igual mês do ano anterior.

Entre as atividades, indústrias extrativas (-15,0%) exerceu a influência negativa mais intensa sobre a indústria, pressionada, em grande medida, pelos itens minérios de ferro. Outras contribuições negativas em destaque foram: impressão e reprodução de gravações (-32,1%), de metalurgia (-2,8%), de outros produtos químicos (-2,5%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-10,0%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-5,3%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,8%), de produtos de metal (-2,2%) e de outros equipamentos de transporte (-5,2%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda no confronto com igual mês do ano anterior, assinalaram recuos, em janeiro de 2020, bens intermediários (-1,6%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-0,5%). Por outro lado, os segmentos de bens de capital (3,9%) e de bens de consumo duráveis (1,7%) marcaram os resultados positivos nesse mês.

A queda de 1,6% em janeiro de 2020, no setor de bens intermediários foi a terceira consecutiva nessa comparação, mas a menos intensa dessa sequência. O resultado se deve aos recuos nas atividades de indústrias extrativas (-15,0%), de metalurgia (-2,8%), de outros produtos químicos (-2,6%), de produtos de metal (-3,9%), de borracha e de material plástico (-1,4%), de minerais não-metálicos (-1,2%) e de máquinas e equipamentos (-2,4%).

Ainda no setor de bens intermediários, as pressões positivas foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (17,9%), produtos alimentícios (7,0%), celulose, papel e produtos de papel (1,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (0,6%) e produtos têxteis (0,1%). Houve resultados negativos também nos grupamentos de insumos típicos para construção civil (-0,2%), na segunda taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação; e de embalagens (-0,2%), que voltou a recuar após avançar 3,7% no mês anterior, quando marcou a expansão mais elevada desde maio de 2019 (21,0%).

Ao recuar 0,5% em relação a janeiro de 2019, o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis interrompeu quatro meses de taxas positivas consecutivas nesse tipo de comparação. O desempenho deve-se a quedas nos grupamentos de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-0,8%) e de não-duráveis (-1,7%). Por outro lado, os subsetores de carburantes (1,6%) e de semiduráveis (0,7%) apontaram as taxas positivas nessa categoria.

Com crescimento de 3,9% contra janeiro de 2019, o setor de bens de capital interrompeu três meses de taxas negativas consecutivas nesse tipo de comparação. O segmento foi influenciado, em grande parte, pelo grupamento de bens de capital para fins industriais (7,6%), impulsionado, principalmente, pelos bens industriais não-seriados (51,1%), já que os bens industriais seriados (-0,9%) apontaram queda na produção.

As demais taxas positivas foram registradas por bens de capital para energia elétrica (12,9%) e agrícolas (4,3%). Já os impactos negativos vieram dos grupamentos de bens de capital para equipamentos de transporte (-2,2%), para construção (-11,9%) e de uso misto (-4,4%).

Com crescimento de 1,7% em janeiro de 2020 frente a igual mês de 2019, o segmento de bens de consumo duráveis teve sua quinta taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação. O resultado deve-se à expansão na fabricação dos eletrodomésticos da “linha branca” (9,4%) e da “linha marrom” (4,6%). Vale citar também os avanços assinalados por motocicletas (17,3%) e pelo grupamento de outros eletrodomésticos (12,5%).

Já a redução na fabricação de automóveis (-5,8%) exerceu a maior influência negativa nessa categoria dos bens duráveis. O outro impacto negativo veio do grupamento de móveis (-0,3%).

 

Fonte: IBGE