Desde março, venda de residências em condomínios horizontais registra aumento médio de 15%. Clientes buscam mais conforto e segurança para as famílias, além de espaço para organizar o home office em tempos de pandemia

 

A pandemia pelo coronavírus acarretou uma demanda específica por imóveis no Distrito Federal, principalmente de casas e lotes em condomínios legalizados. A capital tem uma compreensão própria de qualidade de vida, além de concentração de servidores — com renda acima da média e estabilidade no emprego. Isso fez com que, durante a pandemia, boa parte da população, em trabalho remoto, passasse a desejar acomodações mais confortáveis para manter a segurança da família no isolamento e instalação de escritórios. Segundo Rodrigo Nogueira, presidente da Ecap Engenharia, desde março, a procura e a venda de casas aumentaram 15%.

“As vendas aqueceram-se de 45 dias para cá, depois de uma quase paralisação do mercado. A compra, para uso ou para investimento, vale a pena”, destaca Nogueira. Um apartamento de quatro quartos no Noroeste, por exemplo, custa cerca de R$ 2,2 milhões. Uma casa nas mesmas proporções, no Park Way ou no Jardim Botânico, sai por R$ 1,9 milhão e R$ 1,2 milhão, respectivamente. Para o especialista em imóveis, esse é o momento de concretizar o sonho da casa própria. Os juros e a inflação estão em queda, os bancos estão expandindo o crédito e os preços, em recuperação. “Para quem quer investir, o retorno, em caso de locação, chega a 6% ao ano, sem falar na valorização do imóvel”, afirma. Em termos de venda, o segundo semestre deverá ser ainda melhor, sinaliza o presidente da Ecap.

Demanda
Pedro Ávila, diretor comercial da Construtora PaulOOtávio, assinala que vários pontos colaboraram para o aquecimento da demanda. Além da queda na taxa de juros, das facilidades de crédito e do desejo por casas maiores ou apartamentos com varanda, para enfrentar com mais conforto o distanciamento social, o que também chamou a atenção foi o número de casais separados que buscam novas residências. “A procura era, até março, de duas ou três pessoas nessa condição. De maio para junho, dobrou para cinco ou seis”, enfatiza.

Ávila também identifica uma tendência crescente de os clientes pagarem um valor de entrada maior. “Depende da pessoa, mas se percebe a preferência de dar mais recursos inicialmente, em vez de deixar o dinheiro no banco”. Essa inclinação, segundo ele, também é registrada em São Paulo. A única preocupação do diretor comercial da PaulOOtávio é uma possível contaminação da política no mercado imobiliário. “Se a política monetária for afetada, não se sabe como ficará o cenário”, destaca.

Luiz Antônio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), reforça que o “distanciamento social imposto pela pandemia de covid-19 nos fez usufruir melhor das nossas residências”. Isso deve trazer inovações no mercado, como mais procura por imóveis com espaços para lazer e de trabalho. No segmento de alto padrão deve haver uma procura maior por casas e coberturas. Nos demais segmentos, as pessoas devem procurar condomínios com mais áreas verdes.

“As varandas dos apartamentos também serão mais valorizadas, pois o brasileiro sentiu a necessidade de tomar sol, além de usar o espaço como home office. O escritório doméstico pode ter vindo para ficar. Com isso, aquela tendência de apartamentos menores das cidades grandes pode ser revista. Tudo é muito novo, mas o mercado se adapta rápido”, diz França.

 

Fonte: Correio Braziliense