Os condomínios horizontais caíram no gosto do goianiense e se tornaram alvo de investimentos por parte do mercado imobiliário. O número de empreendimentos com este perfil em Goiás passou de 362 no final de 2018 para atuais 447, um crescimento de 23,5%, segundo o Sindicato das Imobiliárias e Condomínios do Estado (SecoviGoiás). A maior parte das 85 novas unidades que chegaram ao mercado neste período foi lançada, principalmente, após a chegada da pandemia do coronavírus, quando as famílias passaram a ficar muito mais tempo em casa e a demandar moradias mais amplas e com maior qualidade de vida.

Os novos lançamentos de condomínios horizontais ocorreram, principalmente, em Goiânia e região metropolitana, com destaque para Aparecida e Senador Canedo. Somente a Região Metropolitana possui hoje mais de 250 condomínios horizontais, número dez vezes maior do que em 2010. A FGR Incorporações, detentora da grife Jardins, foi uma das empresas que mais lançaram condomínios nos últimos dois anos. O gerente comercial da FGR, Bruno Alcantra, informa que foram sete empreendimentos lançados de 2019 para cá em Goiânia, Aparecida e Senador Canedo, num total de mais de 7 mil lotes.

Para este ano, já estão previstos mais dois condomínios da grife na região da GO-020. O valor geral de vendas (VGV) somou R$ 580 milhões em 2019, R$ 890 milhões em 2020 e deve chegar a mais R$ 850 milhões este ano. Além disso, a empresa também lançou o projeto Casa Jardins, um sistema onde a pessoa pode comprar o lote junto com a construção da sua futura casa. “Também vendemos casas neste sistema para clientes que já haviam adquirido lotes nos condomínios que já entregamos. O lote foi refinanciado junto com o valor da casa numa taxa de juros menor e um prazo maior”, conta.

Para Bruno, morar num condomínio fechado representa a realização de um sonho para muitas pessoas. Por isso, segundo ele, muita gente tem saído de bairros mais nobres, como Bueno e Marista, e se mudado para condomínios fechados em busca de mais qualidade de vida com segurança. “Quem tinha filhos pequenos e morava em apartamento, sofreu muito mais durante o isolamento social. A pandemia fez as pessoas repensarem suas moradias após passarem muito mais tempo dentro delas”, ressalta o gerente comercial da FGR.

De acordo com ele, foi justamente esta mudança de comportamento que motivou tantos investimentos em condomínios horizontais, que passaram a ser mais absorvidos pelo mercado, e a velocidade de vendas surpreendeu. “No próximo ano, retomamos os lançamentos em Senador Canedo”, informa.

Hoje, é possível comprar o lote com a casa num condomínio Jardins por a partir de R$ 775 mil com financiamento pela incorporadora em até 420 meses. A corretora Anna Carla Vieira Cardoso acaba de realizar o sonho de adquirir um lote junto com a construção da casa no Jardins Lyon, lançado no início deste mês, em Aparecida de Goiânia. “Moro em apartamento e era um grande sonho morar numa casa em condomínio fechado, que pude realizar justamente por causa do aquecimento do mercado imobiliário, que melhorou minha renda, e pelo parcelamento facilitado”, justifica.

Estoque

A Tropial Urbanismo, reponsável pelos lançamentos dos condomínios Aldeia do Vale, na BR-153, e o primeiro Portal do Sol, na GO-020, conseguiu vender rapidamente todo seu estoque remanescente de lotes após a chegada da pandemia, que trouxe esta mudança de comportamento do consumidor. O diretor de Empreendimentos da Tropical Urbanismo, Fernando Pinho da Costa, informa que, em 2019, a empresa lançou o Solares Laguna, na GO-020, em Senador Canedo, com 550 lotes, que foram quase todos vendidos durante o lançamento.

Atualmente, o grupo prepara o condomínio Aldeia do Parque, em Aparecida de Goiânia, com 418 lotes, e já tem outro projeto em andamento também nas proximidades da GO-020, próximo ao Sunset Wake Park. “São produtos com uma modulação menor, com lotes a partir de 250 metros quadrados, que viabilizam a aquisição justamente por uma camada da sociedade que mais demanda um lote em condomínio hoje”, afirma Fernando. Segundo ele, a empresa já tem um bom portfólio de terrenos para o desenvolvimento de outros novos produtos e Aparecida é um dos principais alvos deste segmento da construção. “Houve um crescimento acentuado da demanda, principalmente com muito mais pessoas em home office hoje”, justifica.

 

Construção civil surfa onda da retomada na venda de lotes

Para o vice-presidente do SecoviGoiás, Benjamim Ragonezi, com a pandemia, as pessoas foram levadas a buscar uma moradia que possibilitasse uma melhor convivência com familiares e amigos. “O mercado construtor passou a surfar esta onda e também inovou”, avalia. Uma mostra disso foi a criação de conceitos como o Casa Jardins, em que a pessoa já tem a opção de adquirir o lote junto com a casa construída, um nicho que cresce a todo vapor. “Isso traz muita comodidade para as famílias que já contam com uma certa estabilidade financeira e com uma receita certa durante vários anos”, completa.

A procura tem sido canalizada para empreendimentos integrados ao ambiente urbano. “A demanda por estes empreendimentos está grande porque as pessoas querem ter a sensação de casa na rua, mas com segurança”, diz o coordenador do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-GO), Vagner dos Santos. Ele estima que a demanda tenha crescido cerca de 30% em 2021 e lembra que Aparecida de Goiânia se tornou um dos locais mais cobiçados. “Há casos em que as pessoas vendem o apartamento pra terem um quintal para os filhos brincarem e mais qualidade de vida”, completa. Para Ragonezi, até os empreendimentos verticais já estão adaptando seus imóveis a esta nova tendência de busca por mais qualidade de vida em casa, local onde hoje, devido a pandemia de Covid-19, também se trabalha e estuda. Ele ressalta que os projetos de lançamentos de condomínios de apartamentos passaram a atender demandas crescentes como a cozinha integrada à sala, amplas áreas de lazer ou um espaço para home office.

 

Fonte: O Popular