A segunda rodada do Índice de Demanda Imobiliária (IDI-Brasil) revelou, nesta quinta-feira, que Curitiba (PR), Goiânia (GO) e São Paulo (SP) lideram a demanda imobiliária no Brasil em seus respectivos segmentos de renda. Os dados foram apresentados em uma live transmitida pelo canal da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) no YouTube.
“Esse índice vai ajudar muito as empresas a identificarem onde investir e também permitirá que o poder público avalie suas regulamentações para garantir habitação adequada”, destacou Renato Correia, presidente da CBIC, na abertura da apresentação da segunda rodada do Índice de Demanda Imobiliária (IDI-Brasil).
O IDI-Brasil analisa 61 cidades brasileiras e é fruto de uma parceria da CBIC com o Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta. O estudo utiliza dados anonimizados e transações reais para medir a atratividade das cidades para novos projetos imobiliários. “Desenvolvemos o IDI para fornecer informações precisas sobre onde está a demanda e como o mercado pode atuar de forma mais eficiente”, explica Gabriela Torres, gerente de Inteligência Estratégica do Ecossistema Sienge.
Curitiba lidera no segmento econômico
A capital paranaense se destacou no padrão econômico (renda de até R$ 12 mil), alcançando uma pontuação de 0,909. Segundo José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da CBIC, essa alta demanda está relacionada às restrições do plano diretor da cidade, que dificultam a construção de moradias populares. “O Índice evidencia a necessidade de adequações na legislação, pois muitas pessoas acabam buscando alternativas na região metropolitana ou optando por imóveis usados”, afirmou.
As 10 primeiras colocadas do ranking econômico são:
- Curitiba (PR) – nota 0,909
- Fortaleza (CE) – nota 0,849
- São Paulo (SP) – nota 0,791
- Goiânia (GO) – nota 0,762
- Recife (PE)- nota 0,793
- Sorocaba (SP) – nota 0,725
- Maceió (AL) – 0,707
- Brasília (DF) – nota 0,677
- Aracaju (SE) – 0,660
- Maringá (PR) – nota 0,635
Goiânia lidera no médio padrão
Já no segmento médio (renda de R$ 12 mil a R$ 24 mil), Goiânia despontou como a cidade com maior demanda por imóveis novos. Renato Correia atribui esse crescimento às mudanças recentes no plano diretor da cidade. “O mercado imobiliário tem mostrado grande eficiência em responder às demandas, e a adaptação das regulamentações municipais é um fator determinante para esse desempenho”, reforça Cristiano Rabelo, CEO da Prospecta.
As 10 primeiras colocadas no ranking médio padrão são:
- Goiânia (GO) – nota 0,807
- São Paulo (SP) – nota 0,782
- Florianópolis (SC) – nota 0,655
- Brasília (DF) – nota 0,654
- Curitiba (PR) – nota 0,634
- Salvador (BA) – nota 0,628
- Porto Belo (SC) – nota 0,616
- Fortaleza (CE) – nota 0,609
- Belo Horizonte (MG) – nota 0,595
- Maceió (AL) – nota 0,587
São Paulo é destaque no alto padrão
No segmento de alto padrão (renda acima de R$ 24 mil), São Paulo manteve-se como a cidade mais atrativa, seguida por Goiânia e Florianópolis (SC). De acordo com Rabelo, o aumento dos preços dos aluguéis tem impulsionado a busca por financiamento imobiliário. “A taxa de procura aumentada sinaliza que esse termômetro de desejo dentro desse nicho ainda continua aquecido, especialmente nas regiões metropolitanas”, afirmou.
Fortaleza (CE) também teve um crescimento expressivo no ranking do alto padrão. “O déficit imobiliário dentro da fatia econômica ainda é pujante, e as famílias buscam adequar seus desejos dentro das oportunidades que aparecem. Isso mantém a procura aquecida, sobretudo nas regiões metropolitanas”, explicou Rabelo.
As 10 primeiras colocadas do ranking alto padrão, são:
- São Paulo (SP) – nota 0,850
- Goiânia (GO) – nota 0,833
- Florianópolis (SC) – nota 0,733
- Fortaleza (CE) – nota 0,714
- Balneário Piçarras (SC) – nota 0,701
- Belo Horizonte (MG) – nota 0,685
- Brasília (DF) – nota 0,678
- Curitiba (PR) – nota 0,646
- Recife (PE) – nota 0,629
- Salvador (BA) – nota 0,627
Entenda a metodologia usada
O modelo matemático avalia a atratividade de cidades brasileiras para novos projetos imobiliários, utilizando seis indicadores principais, que abrangem aspectos essenciais do mercado. Cada indicador é ponderado por especialistas para refletir sua relevância, garantindo um resultado confiável e útil para decisões estratégicas.
- Indicador de Demanda: Mede o número de potenciais compradores, refletindo o tamanho do mercado consumidor e o potencial de consumo na cidade. (Fonte: IBGE)
- Indicador de Dinâmica Econômica: Avalia a capacidade do município de gerar ciclos de demanda e fortalecer a economia local por meio de fatores como emprego e renda, que influenciam a capacidade de compra e a sustentabilidade do mercado. (Baseado em dados do IBGE, CAGED e Receita Federal)
- Indicador de Ofertas de Terceiros: Avalia a concorrência e a saturação do mercado, indicando a disponibilidade de imóveis oferecidos por outros agentes e a viabilidade de novos empreendimentos. (Fonte: Portais de venda na internet)
- Indicador de Demanda Direta CV CRM: Usa dados de leads para medir a procura ativa por imóveis específicos, apontando áreas de interesse imediato e direcionando estratégias de marketing e vendas. (Fonte: CV CRM)
- Indicador de Atratividade para Antigos Lançamentos CV CRM: Verifica o desempenho de lançamentos com mais de 12 meses, oferecendo insights sobre a aceitação e estabilidade do mercado na cidade. (Fonte: CV CRM)
- Indicador de Atratividade para Novos Lançamentos CV CRM: Examina o potencial de empreendimentos lançados nos últimos 12 meses, destacando tendências e novas oportunidades de negócios. (Fonte: CV CRM)
O resultado do modelo é uma lista de cidades com maior atratividade, apresentadas em forma de ranking com base no cálculo do IDI. A escala de atratividade vai de 0,000 a 1,000, onde as cidades que obtiverem um score próximo de 1,000 são consideradas altamente atrativas. As cidades são classificadas em cinco categorias de atratividade: Muito Alta, Alta, Média, Baixa e Muito Baixa, de acordo com seu score no IDI.
Futuro do mercado imobiliário
Os especialistas reforçaram a importância do IDI como ferramenta estratégica de inteligência de mercado na área de habitação. “Nosso setor ainda é muito carente de informações, e o IDI permite entender onde estão nossos clientes, indo além dos tradicionais indicadores de oferta e estoque”, afirmou José Carlos Martins.
Gabriela Torres destacou a relevância da informação para uma gestão eficiente. “Vejo o IDI como um primeiro passo para uma visão mais madura sobre o mercado imobiliário. Quanto mais dados tivermos, mais protegidos estaremos para enfrentar os ciclos do setor”, disse.
Fábio Garcez, da CV CRM, ressaltou que 2024 será um ano de busca por eficiência no setor. “Com uma taxa de juros elevada, as construtoras estão focadas na eficiência dos processos, na aquisição de insumos e no uso de tecnologia. O IDI tem um papel fundamental nesse processo”, concluiu.
A íntegra do estudo pode ser conferida clicando aqui.